Gastronomia
SOPAS DO ESPÍRITO SANTO
Este prato é confecionado na altura das típicas festividades em Honra do Espírito Santo, onde a sua origem ligada aos objetivos primordiais dos chamados "impérios" do Espírito Santo, também eles muito divulgados em todas as ilhas. Estes objetivos são, fundamentalmente, o da partilha da carne e do pão, pelos mais necessitados. Relatos dos nossos antepassados contam que inicialmente a carne e o pão seriam distribuídos apenas pelos pobres, mas que, na prática, eram repartidos com quase todos os habitantes de cada uma das freguesias das nove ilhas, uma vez que nestas reinava bastante pobreza. Inicialmente, a carne seria oferecida crua juntamente com o pão cozido, costume que ainda se mantinha na primeira metade do século passado, nalgumas ilhas ou em algumas freguesias, como era o caso da Fajã Grande das Flores.
Atualmente, em todas as freguesias e em todos os impérios a carne e o pão são partilhados depois de cozinhados, sob a forma de Sopas do Espírito Santo, servidas no dia das festas do Divino Espírito Santo, a todos os irmãos e a muitos convidados.
Estas sopas são confecionadas com pão seco ou pão caseiro que é, posteriormente, coberto com o caldo que resultou da água que cozeu a carne, devidamente temperada. Ao pão, antes de ser coberto com o caldo, é, também, adicionada hortelã e outros condimentos. A carne cozida serve-se juntamente com o pão. Existem ilhas/freguesias em que são adicionados vegetais, tais como cenoura e repolho. Para além destas sopas, é incluída no cardápio do dia da festa, em muitas das freguesias picoenses, a famosa carne assada e, por fim, ainda é servido o tradicional arroz doce, sobre o qual, com canela em pó, é desenhado, em cada prato ou travessa, o símbolo do Paráclito, nas ilhas - a coroa.
Quanto maior for a variedade de peixes utilizada, melhor. Estes são cozinhados e com eles prepara-se um caldo que depois é servido à parte e que se vai bebendo enquanto se come o peixe com as "sopas de pão de milho". Estas "sopas de pão de milho" são confecionadas com o caldo em que é cozido o peixe.
Dicas para a confecção:
- Seleccionar pelo menos quatro espécies de peixe (bicuda, sargo, garoupa, írio, etc.). Cortar em postas grossas e temperar com sal.
- Numa panela grande, coloque água, salsa, polpa de tomate ou tomate pelado, cebola e alho de rama de preferência. Deixe ferver mais ou menos 1/2 hora. Junte o peixe e deixe cozer.
- Num almofariz/ gral, pisar salsa com dentes de alho, sal grosso e um pouco de vinagre. Estando tudo em papa, juntar um pouco da água onde o peixe foi cozido. Na altura de servir no prato, regar o peixe com o molho preparado. Ao mesmo tempo, servir o caldo em tigelas. Come-se o peixe com as sopas de pão de milho ao mesmo tempo que se vão bebendo golinhos de caldo.
BOLOS DE VÉSPERA
Os "Bolos de Véspera" são confecionadas na altura do Espírito Santo, sendo que estes eram, nos tempos mais remotodos, distribuidos pelos mais pobres da freguesia.
Atualmente são "oferendas" que cada irmão de cada ponto (existem 3 pontos na freguesia da Piedade - Domingo e Segunda -feira do Espírito Santo e Domingo da Trindade) oferecem ao Império sendo que posteriormente são distribuidos pelas várias pessoas da freguesia.
RECEITA: ovos, banha, manteiga, açúcar, farinha, sal, fermento e água morna. São cevados e vão para o forno de lenha.
PREPARAÇÃO: Cerca de uma dúzia de homens e mulheres trabalham durante uma manhã (alguns casos, ate depois do almoço), para que uma centena de bolos sejam distribuídos pela população. Depois de cevados os bolos, são estendidos ficando com uma forma redonda.
Com o chavão, com as insígnias do Espírito Santo marcam o bolo nove vezes, uma no centro e oito à volta, seguindo-se o furo em cima de todos os carimbos.
Esta massa não leva muito tempo a cozer. Depois de saírem do forno, são limpos do solo e untados com manteiga pra dar cor e brilho ao bolo. Depois de arrefecerem estão prontos para serem distribuídos em louvor do Divino Espírito Santo.
As “Rosquilhas” são confecionadas na festa de Anto António nos Feitais na freguesia da Piedade. Atualmente cada irmão dessa comitiva dá rosquilhas em que estas são distribuídas pelas várias pessoas da freguesia.
RECEITA: Farinha, açúcar, manteiga, banha, leite, ovos, aguardente, raspa de limão, fermento granulado/levedura.
PREPARAÇÃO: Depois de estar tudo batido, Deixa-se levedar num lugar abrigado de correntes de ar e abafado com uma manta até dobrar o volume. Depois, reparte-se a massa em pedaços iguais e formam-se bolas, que se deixam levedar novamente, cerca de meia hora, em cima de uma bancada ligeiramente enfarinhada, tapadas com um lençol para a massa não estar em contacto com o ar e secar.
Depois, com o indicador abre-se o buraco e pega-se na massa para alargar o buraco. Coloca-se cada bolo de rosquilha em cima de um disco de papel vegetal e deixa-se levedar mais um pouco. Antes de ir para o forno corta-se. Para tal, recorra a uma tesoura e com os bicos da tesoura virados para baixo, vá cortando a massa até meio da sua profundidade a toda a volta do centro da rosquilha. Com as mãos alargue esses cortes, do centro do corte para fora.